Urbanização do Pólo Turístico Cabo Branco

O Pólo Turístico Cabo Branco, em João Pessoa-PB, é abraçado pela maior reserva ambiental da Paraíba, a Unidade de Conservação do Parque Estadual das Trilhas, e banhado pelas praias da Penha, do Jacarapé e do Arraial. Nas suas proximidades, há importantes atrações turísticas, como a Ponta do Seixas, o Farol do Cabo Branco, o Centro de Convenções e a Estação Ciências Cabo Branco.

Identificamos que a fragmentação dos setores do Pólo entre as comunidades vizinhas corrobora para fragilizar a permeabilidade do tecido urbano, e consequentemente, a apropriação dos espaços pelas pessoas. Por isso, propomos a criação de pontos de conectividade viária e pedestre, de forma a promover o acesso aos locais de interesse público para fomentar uma maior integração socioespacial e vivacidade urbana.

Ressignificamos o eixo de acesso ao Pólo Turístico retirando o protagonismo do automóvel e criando espaços públicos de lazer para o pedestre. Criamos, também, um boulevard sombreado por ipês amarelos como referência a um dos símbolos mais marcantes da paisagem urbana do parque Sólon de Lucena, que faz parte do imaginário coletivo de João Pessoa e da identidade da cidade.

Imaginamos, para este trecho do Pólo, uma diversidade de usos ligados ao comércio e à gastronomia. Pela presença no entorno urbano de restaurantes especializados em frutos do mar, acreditamos no potencial dessa área para a ocorrência de um importante pólo gastronômico da cidade.

O Boulevard, repleto de jardins, áreas de descanso, mobiliário urbano de qualidade, esculturas de escala urbana e áreas de pergolados para o comércio de artesanato, se estende da PB-008 até o ponto de ruptura da falésia, convertendo-se em um deck de madeira e finalizando em um mirante. Este trecho terá ciclovias, calçadas e ruas no mesmo nível e demarcadas por balizadores, permitindo acessibilidade plena aos pedestres e promovendo um sistema de “trafic calming”.

O setor de animação abriga um conjunto de espaços abertos e tipologias arquitetônicas onde o denominador comum é a criação de um clima de participação em um ambiente alegre, festivo, capaz de acolher uma grande diversidade de atividades diurnas e noturnas.

O setor hoteleiro abriga, além de um sistema viário que incentiva o pedestrianismo, a acessibilidade e a mobilidade urbana, passeios com espécies nativas e jardins floridos e perfumados. Este setor deverá ter no desfrute da natureza sua referência principal: texturas, cores variadas, materiais locais e ventilação natural serão seus princípios organizadores, capazes de inspirar a implantação de construções intimamente ligadas ao meio natural.

Buscamos ao máximo a diminuição do consumo energético para a climatização, usando a vegetação e a própria configuração arquitetônica, como cobertas ventiladas e telhados verdes, por exemplo, para gerar autoproteção do calor.

Próximo aos acessos à praia, propomos infraestrutura de estacionamento para veículos de passeio e, quando possível, apoio à população local e aos turistas. Não só preservamos o principal ponto de voo de parapente, como dotamos de rampa de salto e delimitamos acesso por via compartilhada para facilitar a prática do esporte.

Considerando as necessidades das populações circunvizinhas, em termos da carência de serviços institucionais de educação, e os usuários do Pólo Turistico, no que diz respeito a mobilidade, propomos que o Setor de Eventos abrigue atividades educativas ambientais, culturais e artísticas, assim como uma estação intermodal interurbana dotada de estacionamentos para ônibus de turismo, vans, carros de passeio, buggies de turismo e bicicletas.

Próximo às comunidades do bairro Costa do Sol, em um dos trechos mais antropizados do parque, propomos o uso como área de lazer contemplativo e piquenique, já que estas comunidades carecem de espaços verdes públicos de lazer.

Os parques existentes foram articulados entre si e conectados por um passeio de uso público margeando a falésia, no setor hoteleiro, a dez metros de distância da borda, constituindo um novo atrativo do lugar. Além da incorporação de trilhas, espaços de descanso e passarelas aéreas, paisagisticamente concebidas.

O trajeto das trilhas perpassará as bordas do rio Jacarapé, onde foram definidos alguns trechos para implantação de decks voltados às atividades ligadas ao lazer contemplativo e ao lazer aquático, como pescaria, passeios de caiaque, pedalinhos, banhos, entre outros.

Todo complexo do Pólo Turístico Cabo Branco será contemplado com um gerenciamento de resíduos sólidos, de forma a atender as diferentes tipologias e heterogeneidade de atividades locais, de forma ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável, tomando todos os cuidados necessários desde a geração dos resíduos até sua destinação final.

No Pólo também estão previstas instalações de Pontos de Entrega Voluntária de diferentes resíduos, tais como óleo vegetal, pilhas, baterias, lâmpadas, onde a comunidade e visitantes terão a oportunidade de destinar tais materiais. Este processo contará com parcerias de fabricantes e entidades de classe, visando colocar em prática a logística reversa.

Junto à central de resíduos, também serão fixadas sistemas de bicicletas fixas para exercícios físicos com geração de energia, oportunizando carregar telefones celulares.

Além disso, serão fixados totens/monitores para o cálculo individual da pegada ecológica dos visitantes interessados, de maneira a enriquecer o viés sustentável do local.

Serão fixadas placas identificativas das principais espécies vegetais do local (árvores nativas).

Parte do fertilizante natural oriundo da compostagem poderá ser utilizado em um canteiro de ervas medicinais, o qual poderá ser compartilhado com os visitantes.

Os visitantes terão oportunidade de calcular também sua pegada de carbono (ex: qual foi o impacto ref. Sua mobilidade para chegar até o local) e de forma voluntária poderão neutralizar essas emissões de gases de efeito estufa, através do plantio de árvores ou processo de compensação ambiental.

Ficha técnica

Autores: Oliveira Júnior, Thálita Zavaski, Jorge Mário Jáuregui
Colaboradores: Alex Fagundes, André Ciampi, Joellington Marinho, Leandro Balbio, Rodrigo Matos
Renders: Thyago Ramon
Ano do projeto: 2020
Área: 654 ha
Localização: João Pessoa-PB

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